domingo, 15 de setembro de 2013

Jardineiro


Tu que andaste em meu jardim
a cultivar tão delicadas flores
que desabrocham ao simples toque de tua mão
cheia de bondade tão doce...

Tens um olhar que é pura graça e suavidade
e palavras que alimentam a seiva dentro de mim.

Este teu sorriso tão sereno
convida-me à vida alegre
e ainda o teu cuidar que é só amor...
Raízes brotam em meu solo fértil!
Tu que semeaste das mais raras e singelas sementes
aqui, nesse meu jardim esquecido,
tão pisado, maltratado... sofrido!
Ah, meu coração florido!

Tomaste todos os espinhos,
todas as dores que eram minhas.
Arrancaste-as todas, fizeste-as tuas também.

Deixaste-me assim, limpa, radiante,
um lindo jardim sorrindo ao sol
querendo-te, enfim, que sejas, para sempre,
meu doce jardineiro de mim!




quarta-feira, 5 de junho de 2013

Adoração


Em sua solidão angustiante, uma felicidade atrevida atravessava-lhe a alma. Com os olhos voltados ao céu, buscava as estrelas para uma cumplicidade cósmica, como se elas pudessem transmitir o seu recado, dizia como numa oração: agora sou eu que peço, não muda, meu amor, és perfeito exatamente assim como és: um anjo, quase um príncipe, um cavalheiro... não, mais que isso, és um deus!

Desejava ardentemente que ele pudesse sentir, naquele momento, o ritmo das batidas do seu coração, a temperatura das suas lágrimas resultado daquela alegria estranha. Sonhava com o toque suave e nervoso das suas mãos no rosto dele, como se não pudesse crer que estaria tocando num deus... Invariavelmente, seu amor beirava a adoração. Era somente assim que sabia amar.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Sopro



 
O vento sopra,
sinto o seu perfume...
Como um fantasma que me assombra,
fere-me por dentro!
Contudo, ternamente, ele encanta-me
e convida-me
ao doce e terrível beijo
da morte.

(em 06/11/12)

Crime

Levou consigo tudo o que sou
minha alegria de viver
meus sonhos e ilusões
meu brilho no olhar
minha essência e meu ser

O resto de mim é só dor,
tristeza, vazio, solidão.
Ladrão de mim,
retorne ao seu crime
e devolva meu coração!

(em 06/11/12)

Espumas de mim



As ondas vêm fortes, imponentes
de repente, quebram,
espumam sua ira, sua revolta
e logo deitam-se à praia
mansas e suaves, adestradas
somem.

Tornam-se brandura
depois, invisíveis
até que as próximas apareçam
e o ciclo recomeça...

Sentimentos vagantes
essas ondas...
deste mar revolto que
sou eu!

(em 05/11/12)

Domingo na praia

 
O sol já não convida ao seu calor
O mar já não seduz ao seu batismo
A sombra não refrigera mais...
Pessoas passam
surdas, mudas, insensíveis
são parte da paisagem!
Só uma coisa fascina:
a linha do horizonte - o que há além dela
meu amor fugidio
com sabor de sal, de mar
me deixou o vazio, a saudade
com sabor de dor

 (em 04/11/12)

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Minha avidez



Vontade de toque, de beijo, de abraço.


Vontade de corpo, de alma, de espírito.

Vontade de sabores, de perfumes, de sentidos.
Vontade de calor, de suor... 

Vontade de amor!


Ah, o que fazer com

esta vontade desvairada de ti?!

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Desalento





Esfacelada dentro
Sou um ermo sem fim
Desolada de tudo, de todos,
de mim.
 
 
 
*Em 14 de Dezembro de 2012.

Ser assim

 



surpresas
sensações
sabores
cintura
saudade
suavidade
sensualidade
singularidade

sou eu assim
serenidade


seu sonho
um surto
santa

sexy
sou
sua
e só

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Nell - Uma abordagem sócio-cognitiva da linguagem


        A história da personagem Nell contada no filme retrata a realidade de uma jovem que, tendo sida criada num pequeno casebre dentro da floresta e afastada do convívio social, tinha sua mãe como seu único contato humano, e, portanto, seu único contato com a linguagem humana. Assim, a personagem desenvolveu uma linguagem própria que, a princípio, não era compreendida pelas demais pessoas que se aproximavam dela.
        O processo cognitivo internalizado por Nell ao longo da vida deu-se quase que unicamente pela convivência com sua mãe, a qual possuía um tipo de paralisia facial, o que lhe dificultava a fala. Assim, Nell aprendeu a se comunicar utilizando uma derivação do inglês, porém, com algumas novas expressões, com a supressão de muitas consoantes e num tipo de linguagem que também utilizava o gestual, com movimentos que lembrava alguém com dificuldades na fala.
        O filme vem corroborar com os estudos lingüísticos que afirmam que a nossa compreensão está ligada a esquemas cognitivos internalizados e que tais processos não se dão de forma individual, e sim, através de representações coletivas, como afirmava Vygotsky.
        Percebe-se no filme que Nell apresentava um tipo de linguagem conforme ela vivenciou na sua interação social, que nesse caso, restringia-se ao contato com a mãe portadora de uma dificuldade na fala; e quando criança, com sua irmã gêmea – que veio a falecer, ficando Nell exposta apenas ao contato humano materno, já que sua mãe a privava do convívio social. Desse modo, é visível no filme a abordagem sociointerativa da cognição, em oposição à velha noção de conhecimento como atividade individual.
        Nell não tinha problemas de competência, como sugeririam alguns estudiosos, e na história narrada no filme, havia os que acreditavam nessa hipótese, tanto que queriam provar que ela não era capaz de viver sozinha. Mas Nell compreendia a realidade em que vivia - o seu pequeno mundo. Ela não tinha problemas de competência, e nem mesmo de desempenho, ela apenas expressava-se conforme a sua cognição sociointerativa. Seu processo de socialização em compartilhar seus conhecimentos com outras pessoas só foi possível a partir da morte da sua mãe, o que levou o médico Lovell e a psicóloga Paula a perceberem que precisavam penetrar no “mundo da Nell” para entenderem seus processos de compreensão. Eles tiveram que observá-la; participar do dia-a-dia de Nell, para assim, irem, aos poucos compreendendo o que fazia sentido para ela, quais conhecimentos prévios ela possuía.
        Através dessa investigação foi que eles descobriram que Nell também se utilizava de trechos bíblicos para descrever situações do seu dia-a-dia e fatos que ela queria comunicar. E ainda, descobriram também que muitas das expressões corporais de Nell eram oriundas das lembranças que ela tinha da sua irmã gêmea e dos momentos em que elas, ainda crianças, brincavam e faziam tudo o mais juntas.
        A forma como Nell mobilizou seus conhecimentos prévios e os esquemas cognitivos para construir sentidos à sua nova vida deu-se por meio do auxílio importantíssimo do Dr.Lovell. Inicialmente, ele entendeu que precisava aprender a linguagem dela, e com o passar dos dias passou a proporcionar a ela novas situações de interação social, novas formas de comunicação. Assim, Nell foi acessando seus esquemas cognitivos e relacionando-os com os novos conhecimentos lingüísticos e sociais que agora vivenciava. Isso resultou numa nova interação social que ela agora precisava experimentar, e consequentemente na ampliação do seu vocabulário.

(Trabalho apresentado para obtenção de nota na disciplina "Prática em leitura e produção de texto", ministrada pela profa. ms. Zélia Xavier, no curso de Letras da Universidade Potiguar. 2010 - 2° semestre)

Ensaio literário – Navegando pelos versos do Vapor Bahia



        Em se tratando de Segundo Wanderley - escritor, poeta, médico, professor e político; natalense nascido no século XIX – certamente há muito a se pesquisar. Suas obras nos reportam ao estilo Condoreiro, do final do século XIX, que era também a terceira fase do Romantismo. Tal estilo de poesia – que tinha como seu principal representante no Brasil o poeta Castro Alves e outros nomes de peso como Tobias Barreto, Fagundes Varela e Sousândrade – tinha por característica o tema social, político e revolucionário. O movimento se inspirava especialmente no poeta francês Vitor Hugo. Além disso, o condoreirismo também se distinguia por seu tom hiperbólico, exagerado e uso de linguagem pomposa, sofisticada, elevada. Assim, discorrerei, ainda que brevemente, sobre a poesia condoreira de Segundo Wanderley, intitulada “O Naufrágio do Vapor Bahia”.
        A obra foi publicada no Diário de Pernambuco em 1887, mesmo ano em que ocorreu o trágico acidente. Com um estilo literário refinado, empolado e buscando sempre a perfeição nas formas e versos, Segundo Wanderley escreveu ‘O Naufrágio do Vapor Bahia’ em versos alexandrinos – considerado um dos estilos mais difíceis da língua portuguesa por sua minuciosidade métrica. O poema contém dezesseis estrofes em sextetos, e usa rimas emparelhadas e intercaladas.
        O autor consegue transmitir, com muita sensibilidade e eloqüência, todo o drama sofrido pelos tripulantes do navio, contrastando com a beleza e suavidade dos versos que descrevem o início da viagem como serena e contemplativa.
        Outro ponto a ser destacado é a exatidão das informações contidas na poesia em relação ao fato histórico ocorrido. Ele não faz conjecturas desnecessárias; apenas usa os instrumentos da poesia para narrar o trágico e enigmático acidente. Cito como exemplo, um trecho da décima segunda estrofe, que descreve o marítimo funeral, o qual, julguei belíssimo:

Lançando sobre a dor o seu desdém alvar;
Serviu de círio – a luz dos vaporosos astros...
De confessor – o céu, de cruz – os longos mastros...
Fez-se a noite – sudário, e cemitério – o mar!

          Assim, Segundo Wanderley nos presenteia com este maravilhoso poema, que retrata a dor, o sofrimento, a agonia de um naufrágio, porém, não sem fazer uso, e com muita precisão, da ternura, da beleza, da perfeição e da emoção da poesia.

(Trabalho entregue para obtenção de nota da disciplina de "Literatura norte-riograndense", ministrada pela profa. dra. Conceição Flores no curso de Letras da Universidade Potiguar. 2010 - 2° semestre)


Referência:

DUARTE, Constância Lima: MACÊDO, Diva Cunha Pereira (Org). Literatura do Rio Grande do Norte: Antologia. 2ª Ed. rev. e aum. (Apostila da disciplina).

Sites consultados:
www.naufragiosdobrasil.com.br
www.wikipedia.org
www.priberiam.pt/dipo
artculturalbrasil@blogspot.com
http://educaterra.terra.com.br/literatura


Narradores de Javé - Filme



        O premiado filme relata a história de um povoado chamado Vila de Javé que corre o risco de ser extinto devido à construção de uma represa no local. Como solução para que o Vale de Javé não desapareça sob as águas, os moradores decidem escrever a história do povoado, criando assim um documento “científico” para que a cidade venha a se tornar um “patrimônio histórico” a ser preservado. Para esta missão – a de escrever a história de Javé – eles convocam Antônio Biá, um morador um tanto malandro que trabalhava no correio da cidade e já havia inventado histórias acerca dos moradores que o levaram a ser expulso do povoado. Antônio Biá agora se vê obrigado a registrar num livro as contraditórias narrativas dos moradores de como o Vale de Javé surgiu.

        O filme propõe várias discussões e reflexões. Entre elas, pode-se citar: a questão do progresso em detrimento de uma cultura e da memória de um povo; o fato da população de Javé ser quase que na totalidade formada por analfabetos, o que os deixa à mercê dos mais instruídos para decidirem seus destinos; o dialogismo com o texto bíblico e as narrativas do povo hebreu; e, especialmente, a abordagem dos temas oralidade e escrita como variedades lingüísticas características de um povo e de como a memória de um povo passada de geração em geração através da oralidade pode ser registrada na escrita.
        O personagem principal Antônio Biá se vê diante de uma missão difícil, pois cada personagem tem o seu relato pessoal, a sua versão dos fatos de como se deu o surgimento do povoado. Outro problema que ele encontra é nos detalhes de como a história é contada, pois ele gosta de “florear” os fatos, de aumentar alguns pontos para que a história se torne mais interessante. Como o personagem diz em um dado momento “Uma coisa é o fato acontecido, outra coisa é o fato escrito. O acontecido tem que ser melhorado no escrito (...) para que o povo creia no acontecido.” Isso retoma a discussão do quanto os dados que temos como históricos são verídicos ou não. O quanto de informações históricas foram realmente fatos, ou apenas memórias de um povo passadas oralmente através de narrativas fantásticas? Aqui temos a questão da influência, da interpretação do escritor no ato de narrar a história, como no caso de Biá que gostava de “enriquecer” os detalhes.
        O fato é que Antônio Biá chega à conclusão que não será possível salvar o povoado da chegada do progresso. Escrever sobre o passado daquele povo, não os livrariam do futuro. O filme coloca de modo sublime a importância da oralidade na tradição de um povo, quando Biá diz em sua carta de despedida: “Quanto às histórias, acho melhor ficar na boca do povo, porque no papel, não há mão que lhe dê razão.”
         O filme merece ser visto tanto pela reflexão que propõe acerca do papel da cultura e tradição de um povo, como pelas belas cenas de humor que os curiosos personagens nos proporcionam.

(Resenha entregue para obtenção de nota da disciplina de "Prática em oralidade e escrita", ministrada pela profa. ms. Klébia Seliane de Sousa na Universidade Potiguar - 3° período. 2011)

Referência:
NARRADORES de Javé. Direção de Eliane Caffé e produção de Vânia Catani. Rio de Janeiro: Riofilme, 2003. 01 DVD (100 min). Son., color., leg., Português.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Meu assim...


Meu assim...

Este a quem chamo meu...
uma doce ilusão talvez...
Meu anjo lindo e perfeito,
és meu céu, meu deleite. 

És meu sonho mais impossível,
meu desejo inacessível,
meu deus em quem não quero crer,
meu amor que não posso ter!

És a paixão que me consome.
És a razão que de mim some.
És meu tudo e meu nada.
És a vida que me mata!

És meu isso, meu aquilo outro...
e neste delírio louco,
sei que somente és meu assim:
porque estás aqui, dentro de mim!

O não vivido



O não vivido

O beijo que não demos
O olhar que não trocamos
A voz que não ouvimos

   O passeio que não fizemos
   A música que não dançamos
   O filme de amor que não vimos

        O sexo que não tivemos
      O sabor que não provamos
      O calor que não sentimos

            Tudo o que não vivemos
            mas tão somente desejamos
            ... foi assim que nos iludimos!

segunda-feira, 25 de março de 2013

Pensamentos... quando ouso "facebookiá-los"


  • Eu acho que tem algo de MUITO errado em querer ser sempre MUITO certo! 
  • Somos irmãos demais nesse negócio de passar por problemas... talvez seja neste quesito que a humanidade mais se irmane, né não? e talvez seja por isso que Jesus diz para cada um amar ao seu próximo como a si mesmo, e cuidar, e andar junto...
  • Esse negócio de vida boa, tudo belezinha, tudo certinho... acho que não nasci pra isso! Eu sou toda "errada" mesmo, então, minha vida está exatamente como eu!
  • Se "a vida é dura para quem é mole", então, neste momento, estou chamando a vida pra porrada! FIGHT TOTAL!
  • Às vezes, é preciso aparecer alguém no seu caminho que esteja precisando da sua ajuda, que você o levante e o faça caminhar, para, só assim, você não desistir da sua própria caminhada. Nada melhor do que se compadecer dos problemas do outro e tentar ajudar... isso faz você esquecer os seus próprios problemas (por algum tempo), e, tendo Deus misericórdia, quem sabe quando você se lembrar deles de novo, eles não estarão mais lá? ... e se estiverem, ok, encontrarão alguém mais forte para enfrentar! 
  • ...e como diria Foucault: "então, por que não fazer da sua vida uma obra de arte?"
  • Simplesmente eu! ...ao sabor do vento, ao dissabor da dor...
  • Espero findar numa bela obra de arte - precisamente um belo mosaico, dos cacos que fiquei.
  • Até as pedras clamam pelo AMOR.
  • Jesus disse para a gente ser simples como as pombas e astutos como as serpentes. O problema é que eu sou pomba lesa o tempo todo!



segunda-feira, 4 de março de 2013


Amor perdido
no tempo, no espaço... nos sonhos
uma só angústia me faz
hoje viver
... sovreviver!
a dor da saudade sentida
chega a ser 
prazer
de saber
que amei
amei tanto assim
você