Há pessoas que acham que ter fé em Deus é limitar o pensamento, confundem, quase sempre, fé com religião, mas estas não são, definitivamente, a mesma coisa.
Na verdade, penso eu, a fé pode vir a ser uma expansão da liberdade de pensar sobre sua própria existência, de saber-se limitado e ínfimo dentro de um universo de possibilidades infindáveis. Uma coisa aprendi: a ciência não comporta a fé - e é bom que seja assim -, o que é absolutamente compreensível, visto que precisa estar isenta de qualquer tipo de relação com a fé para ser crível, para atestar a sua eficácia e veracidade. Os caminhos empíricos a serem percorridos demandam da ciência estar com os pés bem fincados no terreno do que é palpável, observável. Mas a fé comporta perfeitamente a ciência e ainda a superabunda no que é capaz de enxergar. Explico: tudo o que a ciência prova por A+B é a realidade, de modo que não pode ser negado, portanto, uma fé que nega a realidade dos fatos, não é fé, de fato, é crença, é superstição, é religião que dispensa a razão, uma vez que a verdadeira fé sabe: tudo pode ser possível, o que inclui o manifesto e o não manifesto, tudo o que sabemos ser realidade e o que ainda não conseguimos entender.
Um exemplo? Eu tenho fé (creio, acredito contra a realidade atual) que a AIDS é totalmente curável, mas é mesmo uma pena que os cientistas ainda não descobriram como. No entanto, eu sei que de algum modo a realidade da cura existe, mesmo que esta só venha a ocorrer no futuro, em alguma combinação cósmica, orgânica, biológica, atômica ou sei lá o quê.
O que quero dizer é: a ciência só declara e apresenta os fatos, comprovando o que a fé já sabia ou acreditava. Para mim, ter fé é dar a Deus todas as chances de Ele ter criado o universo como bem queira, se assim ou assado, não sei, se os homens querem fazer as contas em muitas dezenas de zeros, que o façam! mas sei que a realidade é: estamos aqui, e há este mistério tão gigantesco e maravilhoso quanto o próprio universo que é a vida!
Assim, percebo que a diferença entre 'crentes da fé' e 'crentes na ciência' é que os primeiros têm a liberdade de crer no que veem e no que não veem (ainda); os segundos, só no que os sentidos primários lhes atestam ser realidade ou o que a 'santa' ciência declara como fato verificável. Mas vejam, Jesus abraçava tanto a Pedro quanto a Tomé.
